Crônica de uma jornalista em pânico

Gente, pode parecer um drama sem fim o que eu vou postar aqui para tirar todas as teias de aranha do blog, mas este é um drama da vida real, pelo qual achei que passaria de uma maneira bem tranquila.

Bem, não dá para dizer que este texto é verdadeiramente uma crônica, eu preciso comer muito arroz com feijão, bife, batata frita e salada para ter a audácia de escrever uma crônica e publicá-la. Então, esqueça o “crônica” do título, foi para tornar meu drama ainda mais real.

Passei dos limites agora (risos)

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Você deve estar se perguntando: “Menina, o que aconteceu? Você é a causa do aumento do euro mesmo com a Europa em crise ou a razão para a eliminação da fome na Etiópia?

Para ser bem sincera não é nada disso. É bem menos que isso na verdade, mas trata-se, sem dúvida alguma, do MAIOR ORANGOTANGO QUE EU PAGUEI na minha pequena, mas já extensa carreira jornalistica.

Sim, minha carreira é uma antítese.

Tudo por causa deste moço aí….

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Você não está conhecendo, né? Se a resposta foi sim, você é um homem e vai rir absurdamente das próximas linhas.

Se você é mulher e não o conhece, está nesse exato momento dando com a cabeça no teclado ou batendo o dedo aleatoriamente sobre o celular.

É…

…A beleza em forma de ser humano atende pelo singelo nome de Jesse Huta Galung, um simples holandês, do qual eu não me dava conta no circuito profissional de tênis até o principio de maio desta temporada – ele andava sumido.

Você pensa: “Tá. OK! Onde está o “bando” em forma de vergonha primata?”

Está exatamente no fato de eu ter cruzado com esse moço.

Finalmente, eu posso desabafar.

Eu fui chamada para fazer uma reportagem com este tenista. Até aí tudo bem, nenhuma novidade, era só mais um tenista estrangeiro jogando um torneio no Brasil (neste caso o Challenger Finals). Estava tudo lindo, como o moço, se não fosse o conceito da pauta.

 “Ariane, a pauta com o Jesse Huta Galung é sobre ser um ‘colírio'”

É isso mesmo! Eu fui entrevistar o moço porque ele é bonito. Tudo culpa do blog Meninas Vodca e da revista Capricho.

A pessoa estuda quatro anos da vida dela, se mata madrugada adentro para editar reportagens de TVS, documentários, programas de rádios, revistas, livros reportagens (só na facul editei DOIS), decorar conceitos de marketing, que ela nunca vai usar. Estudar um zilhão de teorias da comunicação, da linguagem, psico-sociais, econômicas, politicas, religiosas, sociais (mais uma vez), filosofia, psicologia, e mais um monte de coisa que quem foi fazer faculdade no bar nem viu… Para no fim, olhar para um tenista e fazer uma/duas reportagens de que ele é bonito.

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Eu não condeno esse tipo de jornalismo, muito pelo contrário. Muitas vezes ele é útil. Muitos destes textos viram dicas de beleza e saúde bem úteis.

Certa vez, eu até fiz para o Meninas Vodca um texto de dica de beleza com a Serena Williams (clique aqui), mas era outra coisa. Eu não perguntei nada pra Serena, ela simplesmente falou (e muito) sobre.

Bom, eu respirei fundo e fui com a cara, que não é de pau, mas Deus me deu, os neurônios fritando no sol da Av 9 de Julho, ávida para chegar logo, entrevistar o cara e sumir o mais rápido possível do Harmonia Tênis Clube.

Mas estamos falando de um torneio de tênis, é obvio que eu cheguei lá tinha muita gente conhecida. Até revi o Felipe Andreoli, baixista do Angra, a quem não via fora do mundo do Heavy Metal desde a Federer Tour.

Quando cheguei evitei tocar no assunto da pauta com a assessoria de imprensa, a vergonha era demais. Dei uma disfarçada enquanto o moço tomava um banho e fui falar com o italiano Filippo Volandri (veja aqui). Pippo é rossoneri, logo é inteligente e consegue falar de outras coisas que uma partida que acabou de ser jogada.

Fiquei mais calma. Não o suficiente.

Aí chegou o momento derradeiro. Eu tinha que encarar o guri. Lá fui eu acompanhada do mocinho da assessoria de imprensa. Eu estava tão ansiosa e nervosa, que não sei se disse “Hi, My name is Ariane”. Eu realmente acho que não me apresentei pra ele. O Volandri já conhece a minha fuça, então fez aquela cara de “AH, você denovo!”, se eu ignorei o protocolo com o Volandri, beleza! Mas o Huta Galung veio da HOLANDA, e apesar de ter dois amigos  holandeses (+ o padre da paróquia), eu nunca estive nos Países Baixos e o Jesse, até então, NUNCA tinha me visto.

Passado esse processo protocolar de apresentação. Tivemos que leva-lo pra outro lugar, um sofá na saída do ar condicionado da sala dos tenistas. Estava uns 19ºC e tudo o que ele me diz é: “Nossa, tá frio aqui!”.

COMO ASSIM, FRIO?

Eu naquele nervoso, parecia que o Pelé estava na minha frente (e convenhamos, todas as vezes em que estive com o Pelé eu não fiquei nervosa daquele jeito) e ele me fala de FRIO? Tenha dó!

Eu sabia que ia passar vergonha. As frases vinham na minha cabeça num mix de italiano/inglês/português/espanhol que eu jamais farei igual.

Eu estava suando frio.

Eu sei, é ridículo!

Aí, sei lá como, eu disse: “Olha, não fique assustado. Eu sou jornalista esportiva, eu cubro o circuito de tênis, mas estou aqui para falarmos de sua beleza”.

SIM. Eu cuspi o conteúdo da pauta de uma só vez. Tirei uma criança obesa das minhas costas. Continuei suando frio, porque a cara que o moço fez foi um mix de surpresa-espanto-assombro mesmo.

Aí, para completar tudo mandei mais uma: “Não que eu ligue pra isso. Sei que você é casado e isso não me importa. De verdade, se fosse por mim, eu só falaria sobre seu grande ano no tênis”.

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Podia ter dado merda, mas me fez ganhar o mocinho – é assim que a gente diz no jornalismo quando a gente ‘conquista a confiança do entrevistado’, o que é vital.

No fim das contas, eu fugi da minha pauta (lógico!), mas fiz uma boa entrevista com um cara fora do top 100. Ouvi uma realidade, o underground europeu, que a gente não vive e pouco ouve falar. Em breve.

A entrevista, contou com os ápices sobre a beleza dele. Contei que quando ele era tipo 298 do mundo ele foi “Colírio da Capricho” em 2009. Ele colocou a culpa na Copa Davis, mas eu como boa CDF que fui, já sabia que aquilo foi publicado antes da Copa Davis que a Holanda jogou contra a Argentina naquele ano. Aí ele ficou realmente surpreso.

A cara do Jesse foi impagável!

Mas deu tudo certo, sei que ele tem uma filhinha, 1 ano e 3 meses, que a esposa viaja com ele e que ela nem acha ele tão galã.

MENTIROSA, até eu que sou mais boba e estava no auge dos meus nervos discordo.

De qualquer forma, essa foi uma grande pagação de mico.

UN BACIO!

Ariane Ferreira